segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013



Lição 6 - A VIÚVA DE SAREPTA

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Quando dá início ao seu ministério na Galileia, Jesus pregou em Nazaré, cidade onde fora criado. Foi nessa cidade onde proferiu um dos seus mais famosos sermões registrado em Lucas 4.16-26.



Nessa passagem bíblica, Jesus faz referência ao profeta Elias, à grande fome e à viúva de Sarepta de Sidom. O texto deixa claro que a viúva de Sarepta de Sidom fica em evidência nas palavras de Jesus. Ele disse claramente que havia “muitas viúvas em Israel no tempo de Elias” e não somente a viúva de Sarepta. O que faz a história dessa mulher ser diferente das demais? Por que ela foi abençoada e as outras não? Por que ela recebeu uma menção honrosa por parte do próprio Cristo?



A história da visita do profeta Elias à terra de Sarepta, onde foi acolhido por uma viúva pobre, é emblemática por algumas razões. Primeiramente a história revela o cuidado de Deus para com seus servos que se dispõem a fazer sua vontade. Não importa onde estejam, Deus cuida deles. Elias foi o agente de Deus para confrontar a apostasia no Reino do Norte. Esse fato fez com que o profeta não fosse mais aceito entre sua gente. Necessitava, pois, de um lugar seguro para se refugiar. Em segundo lugar, o episódio revela a soberania de Deus sobre as nações e que mesmo em se tratando de um povo pagão, Deus escolhe dentre uma de suas moradoras aquela que será o instrumento usado por Ele na construção de seu projeto. Quando o Senhor ordenou ao profeta se deslocar até Sarepta, Ele revelou qual era o propósito disso: “Ordenei a uma mulher viúva que te dê comida” (1 Rs 17.9). Elias precisava sair da região controlada por Acabe e isso, como vimos, ele fez quando se dirigiu para Sidom, na Fenícia. O texto é bem claro em se referir à viúva como sendo um instrumento que o Senhor iria usar para auxiliar Elias:



“ordenei a uma viúva”. Quem era essa viúva ninguém sabe, todavia foi a única escolhida pelo Senhor dentre várias para fazer cumprir seu projeto (Lc 4.25,26). Era uma gentia que, graças à soberania divina, contribuiu para a construção do projeto divino (1 Rs 17.8-16).



A fonte de Querite

Já vimos que tão logo tenha profetizado a vinda de uma grande seca sobre o reinado de Acabe, Elias recebeu orientação divina: “Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto a torrente de Querite, fronteira ao Jordão” (1 Rs 17.3). Elias se tornara umapersona non grata no reinado de Acabe e, devido a esse fato, precisava sair de cena por um tempo. E seguindo a orientação divina que ele se refugia primeiramente próximo à fonte de Querite. Warren Wiersbe (2008, pp. 462,463) destaca que “Na torrente de Querite, Elias teve segurança e sustento. Até o dia em que secou, o ribeiro proveu água e, a cada manhã e tarde, os corvos levaram carne e pão ao profeta. Na lista mosaica de animais e de alimentos proibidos (Lv 11.13-15; Dt 14.14), o corvo era considerado “imundo” e, no entanto, Deus usou esses animais para ajudar a sustentar a vida de seu servo. Os corvos não levaram a Elias as carcaças que estavam acostumados a comer, pois esse tipo de comida seria imunda para um israelita devoto. O Senhor proveu a comida, e os pássaros forneceram o meio de transporte! Assim como Deus fez cair maná sobre o acampamento de Israel durante sua jornada pelo deserto, também enviou o alimento necessário a Elias enquanto o profeta aguardava um sinal para mudar-se de lá. Deus alimenta os animais e os corvos (SI 147.9; Lc 12.24) e os usou para levar comida a seu servo”.1



Querite, portanto, era um lugar de sombra e água fresca, mas Q.ue-rite não era o ponto final da jornada do profeta. Elias não poderia fixar-se naquele local porque Querite não era uma fonte permanente (1 Rs 17.7). Querite é uma provisão divina em tempos de crise! Quem faz de Querite seu ponto final terá problemas, porque Querite secará!



“Com a intensificação da seca, a torrente secou, deixando o profeta sem água; mas ele não tomou atitude alguma enquanto a Palavra de Deus não lhe veio para dizer o que fazer. Alguém disse bem que a vontade de Deus nunca nos conduz a um lugar em que Deus não pode nos proteger ou cuidar de nós, e Elias descobriu isso por experiência própria (ver Is 33.15,16).”2



Ainda em Querite, o profeta recebe o chamado de Deus para se deslocar para a Fenícia. Se já vimos em capítulos anteriores como a Escritura revela como age o Deus de Elias, aqui podemos observar como age o Elias de Deus.



Em primeiro lugar, Elias se dispôs — ‘Dispõe-te, e vai a Sarepta, que pertence a Sidom, e demora-te ali, onde ordenei a uma mulher viúva que te dê comida” (1 Rs 17.9). Disposição aqui pode ser entendida como sinônimo de atitude. De nada adianta recebermos um chamado divino se não tomarmos uma atitude com relação a mesma. Elias se dispôs e dessa forma criou condições para que o plano de Deus em sua vida se concretizasse. Não vale, portanto, somente as boas intenções, é preciso tomarmos uma atitude em relação ao desafio imposto. Esse fato é percebido na história do filho pródigo, conforme registrado no Evangelho de Lucas: “E, levantando-se, foi para seu pai” (Lc 15.20).



Em segundo lugar, ele soube esperar — “demora-te ali” (17.9). Alguns intérpretes falam que a estadia de Elias na casa da viúva levou cerca de dois anos, mas pode ter sido mais já que a seca durou três anos e meio. O certo mesmo é que Elias obedeceu a ordem divina sabendo esperar. Na nossa cultura fast food, estamos acostumados a querer as coisas rapidamente, mas no reino espiritual as coisas não andam dessa maneira. É preciso saber esperar. Foi Davi quem disse: “Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro” (SI 40.1).



Em terceiro lugar, Elias demonstrou humildade quando pedia a uma mulher, viúva, estrangeira e pobre que lhe desse alimento — “traze-me também um bocado de pão na tua mão” (1 Rs 17.11). Na cultura antiga as mulheres eram desvalorizadas. Não era, portanto, comum um homem se dirigir a uma mulher, muito menos se essa era estrangeira e pobre. Mas Elias seguia a direção divina e não teve dúvidas que aquela era a viúva a qual o Senhor se referira.



Em meu livro A Prosperidade à Luz da Bíblia, chamei a atenção para a relação existente entre humildade e prosperidade:

Fica bem claro na epístola aos filipenses que o segredo do contentamento de Paulo é resultado de sua dependência do Senhor. As suas carências levaram-no a abandonar o orgulho, que era marca de seu antigo viver, para com humildade buscar no Senhor suprir suas necessidades, tanto materiais com espirituais (2 Co 11.18-28).

Geralmente a prosperidade exibida hoje no meio evangélico exprime mais uma atitude de orgulho do que de humildade. O “tudo posso” passou a significar o desvendamento de um segredo que torna aquele que possui sua chave capaz de conquistar o que quiser. Possuir uma casa já não satisfaz, é necessário possuir uma mansão. Possuir um carro 1.0 pode ser um sinal de pobreza, é necessário, portanto, possuir um 4x4 off Road. Ser pastor de uma igreja pequena é um testemunho contra a prosperidade, portanto faz-se necessário pastorear uma grande catedral. Estamos na época dos pastores pop stars e das mega igrejas! Não se está afirmando aqui que possuir esses bens seja errado ou pecado, mas a atitude e o objetivo com que se possui pode estar.3



Em quarto lugar, Elias demonstrou fé e confiança quando se dirigiu pedindo ajuda à viúva de Sarepta (1 Rs 17.9). Pedir água em tempo de seca e alimento em um período onde imperava a fome é sem dúvida alguma uma clara demonstração de fé do profeta de Tisbe. Elias apenas sabia que o Senhor “havia ordenado a uma viúva” que lhe desse alimento, mas a forma como isso seria feito não lhe fora revelado. A fé no Deus da provisão estava operando na vida do profeta.



Em quinto lugar, Elias foi um profeta de ação — “Então, ele se levantou e se foi”(l Rs 17.10). Já falamos da atitude do profeta e, essa atitude é demonstrada de uma forma objetiva pela prática. Antonio Vieira disse que a “omissão é um pecado que se faz não fazendo”. Omissão é falta de ação! Todos nós somos desafiados todos os dias, mas as respostas dadas a esses desafios é que vão nos distinguir um dos outros. Alguns apenas contemplam, mas não tem coragem de encarar o desafio à sua frente. Com Elias foi diferente — o profeta de Tisbe esperou quando foi preciso esperar e agiu quando foi necessário agir.



A casa da viúva

A providência divina para com o profeta Elias se revelou naquilo que Paulo, o apóstolo, muito tempo depois lembrou — Deus usa as coisas fracas para envergonhar as fortes! (1 Cor 1. 27). Um gigante espiritual ajudado por uma frágil mulher! Uma mulher viúva e pobre. Muito pobre! Ficamos a pensar o que teria passado pela cabeça do profeta Elias quando o Senhor lhe disse que havia ordenado a uma mulher viúva que o sustentasse com alimentos. Era de se imaginar que essa mulher possuísse algum recurso. Como em toda a história de Elias, a provisão de Deus logo fica em evidência. A providência divina já havia se manifestado nos alimentos providenciados pelos corvos (1 Rs 17.4-6); agora se revelaria através de uma viúva pobre.



Elias se afasta de seu povo e de sua terra indo se refugiar em território fenício (1 Rs 17.9). A geografia bíblica nos informa que Sarepta era uma pequena localidade situada a poucos quilômetros de Sidom, terra da temida Jezabel (1 Rs 16.31).4 As vezes o Senhor faz coisas que parece não ter lógica nenhuma! No entanto, esse foi o único lugar no qual o rei Acabe jamais pensou em procurar o profeta: “Não houve nação nem reino aonde o meu senhor (Acabe) não mandasse homens a tua procura” (1 Rs 18.10). São nas coisas menos prováveis que Deus realiza seus desígnios! Sarepta parecia ser uma terra de ninguém, mas estava no roteiro de Deus para a efetivação do seu propósito.



A casa da viúva é o local onde os milagres acontecem. Milagres na Bíblia são comuns, mas não são naturais já que se tratam de fenômenos sobrenaturais. E é na casa da viúva de Sarepta que conhecemos a dinâmica de um milagre.

1. Primeiramente convém dizer que o milagre acontece a partir do que se tem — “Há somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija” (1 Rs 17.12). Deus é poderoso para fazer o existente a partir do inexistente! Todavia o texto bíblico mostra que o normal é o Senhor abençoar-nos a partir do que dispomos! O que temos? Pode ser pouco, mas se Deus puser a sua bênção então fica muito. Já vi isso acontecer em igrejas, ministérios e em comércios que se encontravam raquíticos. Quando o Senhor foi invocado para fazer multiplicar, então houve uma multiplicação.

2. O milagre acontece quando Deus é colocado em primeiro lugar — “Elias lhe disse: Não temas; vai e faze o que disseste; mas primeiro faze dele para mim um bolo pequeno e traze-mo aqui fora; depois, farás para ti mesma e para teu filho” (1 Rs 17.13). O profeta entrega à viúva de Sarepta a chave do milagre quando lhe diz: “primeiro faze dele para mim um bolo pequeno e traze-mo aqui fora; depois, farás para ti mesma e para teu filho” (1 Rs 17.13). O profeta era um agente de Deus e atendê-lo primeiro significava pôr Deus em primeiro lugar. O texto sagrado afirma que “foi ela e fez segundo a palavra de Elias” (1 Rs 17.15). Tivesse ela dado ouvidos à sua razão e não obedecido às diretrizes do profeta com certeza teria perdido a bênção. O segredo, portanto, é colocar Deus em primeiro lugar (Mt 6.33). Deus é um Deus de primícias! Atender primeiramente ao profeta era pôr Deus em primeiro lugar. Não podemos inverter a ordem. Quando priorizamos primeiramente nossos projetos pessoais em vez de colocar Deus em primeiro lugar, então começam os problemas. Jesus afirmou que devemos colocar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, então teremos todas as coisas acrescentadas.

3. O milagre acontece quando obedecemos à Palavra de Deus —“Foi ela e fez segundo a palavra de Elias; assim, comeram ele, ela e a sua casa muitos dias” (1 Rs 17.15). A mulher que Deus havia levantado para alimentar Elias durante o período da seca disse não possuir nada ou quase nada: “nada tenho cozido; há somente um punhado de farinha numa panela e um pouco de azeite numa botija; e, vês aqui, apanhei dois cavacos e vou preparar esse resto de comida para mim e para o meu filho; comê-lo-emos e morreremos” (1 Rs 17.12). De fato o que essa mulher possuía como provisão era algo humanamente insignificante! A propósito, o termo hebraico usado para punhado, dá a ideia de algo muito pouco! Era pouco, mas ela possuía! Deus queria operar o milagre a partir do que a viúva tinha. A suficiência divina se revela na escassez humana. O pouco com Deus se torna muito! Quando Elias desafiou aos profetas de Baal, ele afirmou que “segundo a Palavra de Deus estava fazendo aquelas coisas” (1 Rs 18.36). Da mesma forma a viúva agora fazia “segundo a palavra de Elias”, e a palavra de Elias aqui deve ser entendida como a Palavra de Deus, já que o profeta não falava dele mesmo. Esse é o segredo: agir de acordo com a Palavra de Deus. Ao assim fazermos, o milagre acontece!

O poder da oração
E. M. Bounds (1835-1913), autor de diversos livros sobre oração, escreveu:
O que seria dos líderes de Deus sem a oração? Se fosse retirado o poder de Moisés na oração, precisamente o dom que o fez eminente diante dos pagãos, e se a coroa fosse retirada de sua cabeça, tanto o alimento, quanto o fogo de sua oração se acabariam. Elias, sem a oração, não teria lugar ou registro no legado divino, e sua vida teria sido insípida e covarde, sua energia, destemor e fogo teriam desaparecido. Sem a oração de Elias, o Jordão jamais teria dado espaço ao toque de seu manto (2 Rs 2.6-8). O argumento usado por Deus para acalmar os medos de Ananias e o convencer da condição e da sinceridade de Paulo (ver Atos 9.10-15) é o exemplo ideal da história de Paulo, a resposta para sua vida e obra pois, “o Senhor lhe ordenou: Dispõe-te, e vai à rua que se chama Direita, e, na casa de Judas, procura por Saulo, apelidado de Tarso;pois ele está orando" (v. 11).

Paulo, Lutero, Wesley, o que seria destas pessoas escolhidas por Deus sem que fossem distinguidos e controlados pelo advento da oração? Estes eram líderes para Deus porque foram fortes na oração. Ao contrário, não foram líderes por causa de seu pensamento brilhante, ou por conta de seus recursos sem fim, sua cultura magnífica, ou seus dons naturais, mas sim eram líderes porque, mediante o poder da oração, eram capazes de direcionar o poder de Deus. E importante termos em mente que pessoas de oração significa muito mais que “pessoas com hábito de orar”, significa, pois, “pessoas nas quais a oração é força poderosa”, é a energia que move o céu e derrama tesouros incalculáveis de bondade na terra.5

A oração intercessória

O texto de 1 Reis 17.1 trás as palavras de Elias em uma profecia sobre a seca em Israel. A seca de fato aconteceu. Todavia o apóstolo Tiago destaca que essa predição profética de Elias foi acompanhada de oração: “Elias era homem semelhante a nós, sujeito aos mesmos sentimentos, e orou, com instância, para que não chovesse sobre a terra” (Tg 5.17). Foram palavras proféticas, mas uma profecia construída com oração. Talvez isso explique porque hoje há muitas profecias, mas poucos resultados. Não há oração. Novamente o profeta se encontra diante de um novo desafio e somente a oração provará a sua eficácia. O filho da viúva morreu e Elias toma as dores daquela pobre mulher pondo-se em seu lugar e clama ao Senhor (1 Rs 17.19,20). Deus ouviu e respondeu ao seu servo.



Em seu comentário bíblico, Matthew Henry (1999, pp.383,384) destaca que:

Elias não respondeu palavra à mulher, mas se dirigiu a Deus e expôs o caso, pois, não sabia que explicação dar-lhe a este triste acontecimento. Logo tomou o cadáver do menino dos braços da mulher e o levou ao seu próprio leito (v.19). Ali apelou ao Senhor com humildes razões (v.20) e lhe rogou que devolvesse a vida do menino (v.21). Este é o primeiro caso que encontramos na Bíblia de um morto voltar à vida; pelo que Elias debaixo do impulso do mesmo Deus, orou pela ressurreição desse menino (...) Posteriormente, em uma ocasião similar, Eliseu realizou o mesmo milagre estendendo-se duas vezes sobre o menino da Sunamita (2 Rs 4.34), e Paulo se estendeu somente uma vez no caso de Êutico (At 20.10). Deve-se observar a oração de Elias: ‘Rogo-te que tragas de volta a alma deste menino a ele' (V.21). Ainda que o hebraico nephesh significa também “vida” (e é também um sinônimo de pessoa — ver Gn 14.21), é sabido que na mentalidade judaica, a “alma” ficava três dias ao lado do cadáver (v. o comentário a João 11 — nota do tradutor); assim que estes lugares supõe a existência da alma em um estado de separação do corpo e consequentemente sua imortalidade.6

A oração perseverante

Elias orou, mas orou com insistência: “E estendendo-se três vezes sobre o menino, clamou ao Senhor e disse: O Senhor, meu Deus, rogo que faças a alma desse menino tornar a entrar nele” (1 Rs 17.21). Elias se estendeu sobre o menino três vezes! Isso demonstra a natureza perseverante de sua oração. Muitos projetos não se concretizam, ficam pelo caminho, porque não são acompanhados de oração perseverante. O Senhor Jesus destacou a necessidade de sermos perseverantes quando narrou a parábola do juiz iníquo: “E ensinou-lhes uma parábola sobre o dever de orar sempre e nunca esmorecer” (Lc 18.1). É com perseverança que conseguiremos alcançar nossos objetivos.



Ao destacar a oração perseverante de Elias, o expositor bíblico Warren Wiersbe (2008, pp.464,465) comenta:

A resposta de Elias foi levar o menino para seu quarto no andar de cima da casa, talvez no terraço, e clamar ao Senhor pela vida da criança. O profeta não podia crer que o Senhor proveria alimento miraculosamente para os três e, depois, permitiria que o menino morresse. Não fazia sentido. Elias não se estendeu sobre o corpo morto do menino na esperança de transferir sua vida para a criança, pois sabia que somente Deus pode dar vida aos mortos. Sem dúvida, sua postura indicou uma identificação total com o menino e com sua necessidade, fato importante quando intercedemos por outros. Foi depois de Elias ter se estendido sobre a criança pela terceira vez que o Senhor ressuscitou, uma lembrança de que nosso Salvador ressuscitou no terceiro dia. Porque o Senhor vive, podemos tomar parte na sua vida ao crer nEle (ver 2 Rs 4.34 e At 20.10).

O resultado desse milagre foi a confissão pública da mulher de sua fé no Deus de Israel. Ela sabia, sem sombra de dúvida, que Elias era um verdadeiro servo de Deus, não apenas outro mestre religioso à procura de sustento. Também sabia que a Palavra que ele havia lhe ensinado era, de fato, a Palavra do verdadeiro Deus vivo. Durante o tempo em que ficou hospedado com a viúva e seu filho, Elias mostrou que Deus sustenta a vida (a farinha e o óleo não acabaram) e que Deus dá vida (o menino foi ressurreto).7



A soberania de Deus sobre a história e sobre os povos e o seu cuidado para com aquele que o teme se revelam de uma forma maravilhosa no episódio envolvendo o profeta Elias e a sua visita a Sarepta. Não há limites quando a soberania divina quer revelar a sua graça e tampouco há circunstância demasiadamente difícil que possa impedir o Senhor de revelar o seu poder provedor. Deus é Deus dentro e fora dos limites que os homens costumam conhecer!



E com acerto que Raymond B. Dillard conclui essa história:

Mais uma vez, foi levantada a questão do poder na terra natal de Baal, Sarepta — uma cidade entre as duas principais cidades dos mesmos fenícios que exportaram Jezabel e seu deus para Israel. O poder de Baal sobre a vida era no máximo indireto. Segundo os padrões climáticos da antiga Canaã, as chuvas vinham ou não vinham, e as pessoas sofriam o impacto nos ciclos graduais de abundância ou escassez. Mas, o que poderia Baal fazer frente à morte das pessoas, corações silenciosos, paradas respiratórias (1 Rs 17.1)? Até mesmo na mitologia Cananeia, o próprio Baal não conseguia escapar do submundo sem ajuda. O que poderia ele fazer pela vida do filho da viúva? Na realidade, Baal estava morto, do mesmo modo que as árvores que foram cortadas para fazer imagens dele. Era simplesmente produto da imaginação humana.
 Extraído do livro:Porção Dobrada - José Gonçalves CPAD.
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